9.12.2014

O RACISMO COMO JUSTIFICATIVA PARA A ESCRAVIDÃO


Esse texto consiste em  tratar da temática que abrange os ideários de uma dominação de classe sobre outra, buscando contrapor a ideia de democracia racial.
A escravidão inicialmente não nasce do racismo, que de outro modo antes mesmo dos escravos africanos serem trazidos para o Brasil já existia outros tipos de escravos nas civilizações antigas  como afirma Rocha (2006):


Porém, a tese de que o fenômeno do racismo é tão antigo como o surgimento da humanidade precisa ser desmistificada. A escravidão presente nas sociedades medievais e antigas não tinha uma justificação baseada na cor da pele. É importante perceber que a escravidão não nasceu do racismo; ao contrário, o racismo moderno é consequência da escravidão.


Contudo o racismo é trazido com a ideia de explorar  uma mão de obra barata afim de justificar suas ideologias. Por tanto pode-se afirma que antes mesmo da escravidão ser justificada pela cor da pele já era existente na sociedade, como descreve Rocha (2006):


O racismo moderno constitui-se, enquanto forma de ideologia de dominação de uma classe sobre outra, dentro das relações de produção da vida material, o que não é o caso da escravidão presente nas antigas sociedades greco-romanas. Estas não desenvolveram teorias de superioridade branca.


 Sendo assim teorias raciais são inventadas com interesses de dominação e opressão. A opressão racial tem um componente diferente das outras formas de opressão, visto que o oprimido não pode fugir do estigma de sua cor. O capitalismo tem papel fundamental nesse concepção de dominação de classes, que acaba criando o fenômeno étnico-racial que também é dinâmico por sua vez. A sociedade acaba por ser obrigada á “aceitar” conscientemente ou não (muitas vezes inconscientemente) e quem não se adequar a esse ideário acaba por ser julgado pela sociedade dominante, e o sujeito por sua vez,  para se adequar  a essa ideia de educação rompe suas barreiras de ser humano natural, nega sua própria cultural, nega sua própria existência como ser humano para que a concepção de valores dessa sociedade faça parte de sua vida, tendo essa condição como natural, mas que na verdade lhe foi dada como condição de viver em sociedade, ou seja esse sujeito pra seguir os padrões ele é educado de acordo com o que a classe dominante exige. O ensino é aplicado apenas o básico para que o sujeito seja manipulado para não pensar, apenas seguir regras e ser um “bom trabalhador a salariado”.  Sem questionar nada apenas obedecer a seus chefes. Nessa questão, parece cogente  a visão de que, em decorrência da opção natural do capitalismo pela ampliação do capital e não pelas pessoas, esses fenômenos de justificação, para a exclusão do outro, se tornem quase naturais. Não é de se estranhar, também, a presença do fenômeno do racismo dentro da própria classe dos trabalhadores (ROCHA, 2006).
            O racismo acaba por ser justificado pela classe economicamente dominante como parte de uma ideologia após a abolição da escravatura. Tendo em vista  que:


Os colonizadores e, depois, a recente elite capitalista brasileira utilizaram-se de uma série de idéias para justificarem a escravidão de africanos, bem como para manterem os negros à margem das novas relações sociais oriundas do trabalho livre. A ideologia de dominação racial é gestada com o objetivo de justificar a escravidão e para justificar o método de administração de escravos. (ROCHA, 2006, p. 17-18)


             Para justificar a escravidão os colonizadores tinha essa condição como natural, tendo os negros e indígenas como seres menos pensante  e não civilizados.
A igreja  católica tem um papel importante quando se trata da época da escravidão, por apoiar esse pratica, como afirma Rocha (2006): “No período colonial brasileiro, a igreja católica da época teve um papel fundamental, no sentido de constituir um grupo de idéias que facilitassem a dominação do escravo pelo senhor.” Para os católicos da época a escravidão era necessária pra o desenvolvimento do pais tendo uma visão lucrativa quanto á isso.
O racismo entra no campo cientifico com a teoria do embranquecimento como tese central tida no Brasil. Tendo vários estudos científicos sobre o assunto, para provar a inferioridade dos negros  da época. Sobre o mesmo Rocha (2006) diz: “Um dos estudos mais conhecidos é o Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas, de Gobineau. A primeira parte desta obra foi publicada em 1855, sendo concluída em 1858.”  Assim sendo afirma que os brancos e loiros são intelectualmente superiores a qualquer outra raça ( como indígenas e negros).


Os estudos de Goubineau exemplificam muito bem a ação de cientistas em favor da manutenção de dominação de um grupo sobre outro, ao produzirem elementos significativos para a constituição de uma ideologia de dominação racial. (ROCHA, 2006, p. 21)


Para afirmar essa ideologia, era dito que só com embranquecimento é que o pais teria progresso Rocha (2006) explica: “A ampla campanha científica e governamental realizada no país para o embranquecimento da população foi mais um capítulo do processo de constituição e gestação da ideologia de dominação racial brasileira.” Sendo assim os negros eram visto como a causa pelo atraso do pais, trazendo assim imigrantes europeus para concluir essa ideologia, tendo um grande aumento entre os anos de1890 e 1914 , onde as passagens foram pagas pelo governo estadual. Rocha (2006) afirma : “Só no estado de São Paulo, para exemplificar, chegaram, entre 1890 e 1914, mais de 1,5 milhões de europeus, sendo que 64% destes, com a passagem paga pelo governo estadual.”

Aos poucos percebe-se que  ao longo da historia se cria uma ideologia de dominação racial, sendo que essa ideologia fez com que, até hoje, a desigualdade racial seja percebida, aclarada e aceita socialmente como algo natural, justo e inevitável.



Referencia: ROCHA, Luiz Carlos Paixão da. Políticas afirmativas e educação: A lei 10.639/03 no contexto das políticas educacionais no Brasil contemporâneo. 2006. 135 f. Dissertação (Mestrado em Educação e Trabalho)- Universidade Federal do Paraná, Paraná .2006.